Kássia Regina, de 41 anos, teve prisão preventiva convertida em domiciliar por alegar que precisa cuidar de filho autista
Por Claudio Farias
Reprodução/redes sociais
A advogada Kássia Regina Brianez Trulha de Assis, de 41
anos, presa suspeita de envolvimento em um plano de fuga para tentar resgatar
Marco Willians Herbas Camacho - o Marcola – da Penitenciária Federal de Porto
Velho (RO), teve a prisão preventiva convertida para domiciliar, após alegar
que precisa cuidar do filho com Transtorno de Espectro Autista (TEA).
Na decisão, a Justiça Federal determinou que ela use
tornozeleira eletrônica e só saia de casa em situação de emergência médica.
Kássia está no Presídio Militar de Campo Grande (MS) há seis
dias. A decisão é desta segunda-feira, mas, segundo a defesa, até a noite desta
terça ela ainda não tinha sido solta. A previsão é que ela vá para casa na
quarta-feira.
Marcola é o líder da maior facção criminosa do Brasil, que
atua dentro e fora dos presídios do país. Ele foi condenado a mais de 300 anos
de prisão e está preso há mais de 20 anos. Desde março deste ano, cumpre pena
na unidade de Rondônia.
Agora, aos 54 anos, conforme investigação da Polícia
Federal, é acusado de reunir detentos e advogados para criar um plano de fuga
da penitenciária, que acabou frustrado. A PF apontou que Kássia Regina fazia
parte desse grupo, servindo como ponte de informação entre os presos com outros
integrantes que estavam do lado de fora.
Em nota, a defesa da advogada afirma que houve uma confusão
entre as atividades exercidas por ela e que a inocência dela será provada.
“A exigência de respeito às prerrogativas do advogado nada
mais é que um direito previsto em lei, porém, sabe-se que a letra fria da lei
não impede que ocorram situações prejudiciais ao advogado, tal como no caso
concreto”, diz o advogado Juliano Rocha de Moraes.
Kássia foi presa durante a operação “Anjos da Guarda”,
deflagrada pela Polícia Federal na última quarta-feira.
Após audiência de custódia, a Justiça concedeu o alvará de
soltura, estabeleceu o uso da tornozeleira e autorizou saídas de casa apenas
para eventuais emergências médicas dela e do filho, assim como para
acompanhamento do filho nas consultas para tratamento do autismo, mediante
comunicação dos endereços dos locais em que estas são realizadas.
“[…] Poderá, também, deixar a residência para atender aos
chamados da Justiça e Polícia Federal, no interesse da investigação/instrução
apresentando a devida ressalva/certidão”, diz trecho da decisão.
Operação Anjos da Guarda
Na operação, a PF cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e
outros 13 de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, São Paulo e no Distrito
Federal. O objetivo da operação foi impedir o plano de resgate de líderes de um
dos maiores grupos criminosos do país.
A polícia descobriu durante as investigações que os presos e
outros suspeitos de envolvimento no plano mantinham uma rede de comunicação e
se falavam por meio de mensagens, mediadas por advogados.
De acordo com a PF, os profissionais usavam códigos
simulando questões jurídicas que não existiam, durante os atendimentos aos
clientes.
Foram identificadas três estratégias para a fuga, incluindo
invasão ao presídio por 100 homens armados e com bombas, além do sequestro de
autoridades e parentes de presos para negociar a liberação de Marcola e outros
líderes da facção e uma rebelião na penitenciária.
Fonte Agência O Globo
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